Surpreendido
com a notícia da renúncia do Santo Padre Bento XVI, a se tornar efetiva
no próximo dia 28 de fevereiro, às 20horas (hora da Itália), nosso
Bispo Diocesano, Dom Fernando Guimarães, dirigiu uma mensagem a toda a
Diocese de Garanhuns, agradecendo ao Papa Bento XVI os seus fecundos
anos de ministério pastoral como sucessor do Apóstolo São Pedro e
Vigário de Jesus Cristo, bem como convidando
todos os católicos - e os homens e mulheres de boa vontade - a
iniciarem a partir da Quarta-Feira de Cinzas, uma incessante campanha de
orações pela eleição do próximo Papa. A seguir, transcrevemos o texto
da Nota.
NOTA À DIOCESE DE GARANHUNS
Aos Padres e Fieis da Diocese de Garanhuns.
Saúde, Paz e Benção no Senhor!
1. Renúncia do Papa Bento XVI.
Fomos todos surpreendidos, na manhã do dia 11 de fevereiro, festa de
Nossa Senhora de Lourdes, com a notícia da renúncia de Sua Santidade o
Papa Bento XVI ao ofício de sucessor de São Pedro e de Vigário de Jesus
Cristo, por ele comunicada, naquela manhã, aos Cardeais reunidos em
Consistório.
São estas as suas palavras, pronunciadas em latim:
"Convoquei-os para este Consistório, não apenas para as três
canonizações, mas também para comunicar-lhes uma decisão de grande
iumportância para a vida da Igreja. Aós ter repetidamente examinado
minha consci|ência perante Deus, eu tive a certeza de que minhas forças,
devido à avançada idade, não são mais apropriadas para o adequado
exercício do ministério de Pedro. Eu estou bem consciente de que esse
ministério, devido à sua natureza essencialmente espiritual, deve ser
levado não apenas com palavras e fatos, mas não menos com oração e
sofrimento. Contudo, no mundo de hoje, sujeito a mudanças tão rápidas e
abalado por questões de profunda relevância para a vida da fé, para
governar o barco de São Pedro e proclamar o Evangelho, é necessário
tanto força da mente como do corpo, o que, nos últimos meses, se
deteriorou em mim numa extensão em que eu tenho de reconhecer minha
incapacidade de adequadamente cumprir o ministério a mim confiado. Por
essa razão, e bem consciente da seriedade desse ato, com plena
liberdade, declaro que renuncio ao ministério como Bispo de Roma,
sucessor de São Pedro, confiado a mim pelos cardeais em 19 de abril de
2005. A partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h, a Sé de Roma, a Sé de
São Pedro, vai estar vaga e um conclave para eleger o novo Sumo
Pontífice terá de ser convocado por quem tem competência para isso.
Caros irmãos, agradeço sinceramente por todo o amor e trabalho com que
vós me apoiastes em meu ministério, e peço perdão por todos os meus
defeitos. E agora, vamos confiar a Santa Igreja aos cuidados de nosso
Supremo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e implorar a sua santa Mãe
Maria, para que ajude os Cardeais com sua solicitude maternal, para
eleger um novo Sumo Pontífice. Em relação a mim, desejo também
devotamente servir a Santa Igreja de Deus no futuro, através de uma vida
dedicada à oração".
As normas da Igreja preveem a
possibilidade da renúncia do Papa, no Cãnon 332, par. 2, do Código de
Direito Canônico: "Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie a seu
múnus, para a validade se requer que a renúncia seja feita livremente e
devidamente manifestada, mas não que seja aceita por alguem". Tais
condições canônicas foram plenamente cumpridas em nosso caso: o próprio
Papa anunciou a renúncia ressaltando estar agindo consciente da
seriedade do ato e com plena liberdade; o anúncio foi feito ao Colégio
dos Cardeais reunido em Consistório. A partir deste momento, a renúncia
torna-se portanto efetiva, não necessitando que alguém a aceite.
Portanto, a partir do dia 28 de fevereiro, a Sé Romana estará vacante.
2. Situação da Igreja durante a vacância da sede
O regime da Igreja em sede vacante é determinado pela Constituição
Apostólica Universi Dominici gregis, do Beato Papa João Paulo II, de 22
de fevereiro de 1996. Durante a vacância, o Colégio dos Cardeais assume o
governo da Igreja somente para o desempenho dos assuntos rotineiros e
para a preparação da eleição do novo Papa, nada devendo ser modificado
ou abrogado nesse tempo. Cessam em suas funções o Cardeal Secretário de
Estado e os Prefeitos dos vários Dicastérios da Cúria Romana, com
exceção do Cardeal Vicário para a Diocese de Roma, o Cadeal Arcipreste
da Basílica de Sao Pedro e Vigário Geral do Vaticano. Permanecem nas
funções também os Núncios Apostólicos nos respectivos países.
O
Conclave para a eleição do novo Papa deve se iniciar após 15 dias e não
mais do que 20 dias depois da vacância da sede. São eleitores os
Cardeais com menos de 80 anos de idade no momento da vacância e o seu
número não poderá ultrapassar os 120. As votações terão lugar da Capela
Sixtina do Vaticano e os eleitores permanecerão em regime fechado, sem
contato com o exterior. O Conclave procede com dois escrutínios pela
manhã e outros dois pela tarde. Antes de votar, o Cardeal eleitor, com a
cédula na mão, pronuncia o seguinte juramento: "Chamo como testemunha
Cristo Senhor, o qual me julgará, de que o meu voto é dado àquele que,
diante de Deus, julgo que deva ser eleito". O candidato deverá obter
dois terços dos votos. Uma vez obtido o resultado, o eleito é
interrogado pelo Cardeal Decano: Aceitas a tua eleição canônica como
Sumo Pontífice? E após receber o consentimento do eleito, acrescenta:
Como queres ser chamado? Em seguida, o novo Papa recebe a obediência dos
Cardeais e, já revestido das vestes pontifícias, é apresentado ao povo,
no balcão principal da Basílica de São Pedro. Desde a sua aceitação,
ele é o novo Papa, com todos os poderes do cargo.
3, Convite à oração pelo Conclave
O Papa João Paulo II, no documento citado, convida toda a Igreja a se
unir em oração neste período: "Durante o período de sede vacante e,
sobretudo, durante o tempo da eleição do sucessor de Pedro, a Igreja
permanece unida de modo particular com os seus pastores e especialmente
com os Cardeais eleitores, e implora de Deus o novo Papa como dom da sua
bondade e providência. ... Estabeleço, pois, que em todas as citades e
nos outros lugares, apenas se tenha notícia da sede vacante, elevem-se
humildes e incessantes orações ao Senhor (cf. Mt 21,22; Mc 11,24), para
que ilumine o ânimo dos eleitores e os torne concordes em sua tarefa,
que se obtenha uma solícita, unânime e frutuosa eleição, como exige a
salvação das almas e o bem de todo o povo de Deus".
Assim
sendo, determino que em todas as celebrações da nossa Diocese, antes da
benção final, faça-se uma oração pedindo as luzes do Espírito Santo
sobre o próximo Conclave, para que Deus nos dê o Papa que Ele quer para a
sua Igreja. Igualmente, convido a todos para, em sua oração pessoal,
invocar as graças divinas sobre os Cardeais eleitores e sobre todos nós,
para acolhermos com espírito de fé o Papa que será eleito.
A
Bento XVI, toda a nossa gratidão pelo testemunho belíssimo de sua fé e
pela generosidade com que, nestes anos, vem desempenhando a árdua função
do Papado. Que o Senhor continue abençoando-o e o conforte na nova
forma de vida que ele escolheu.
Garanhuns, 11 de fevereiro de 2013, festa de Nossa Senhora de Lourdes
Dom Fernando Guimarães, Bispo Diocesano de Garanhuns
Fonte: www.diocesegaranhuns.org
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