QUE A SAÚDE SE DIFUNDA SOBRE A TERRA

matéria especial

      NÃO ESTOU NADA BEM, AÍ QUE DOR! QUE MAL ESTAR!
      Esses são sintomas de que algo não vai bem no nosso organismo. O que parece simples nem sempre é, podendo, inclusive, se tornar muito grave, às vezes insolúvel para a medicina. O que pode vir a tornar esses sintomas mais amenos para o cidadão é a segurança de saber que encontrará na rede pública de saúde: atendimento, assistência e acompanhamento na hora em que precisar.
      No entanto, conseguimos sentir a dor do outro só de pensar que muitos chegam a esperar até cinco anos na fila para fazer uma cirurgia eletiva (aquela que não possui característica de urgência). Por razões como essa, há muito tempo a saúde vem sendo considerada a principal preocupação e pauta reivindicatória da população brasileira no campo das políticas públicas. Ou seja, a realidade ainda está longe de nos trazer a tranquilidade que desejamos.
      Este sentimento ainda se agrava com a insatisfação dos médicos que trabalham para o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Instituto Brasileiro para Estudo e Desenvolvimento do Setor de Saúde, em média, a remuneração dos profissionais da área pública é metade da paga pelo privada.
      É com esta preocupação que a Igreja Católica lançará, na quarta-feira de cinzas, a Campanha da Fraternidade 2012, com o tema "Fraternidade e Saúde Pública" e o lema "Que a saúde se difunda sobre a terra". (Eclo 38,8).
      O objetivo geral dessa campanha é promover ampla discussão sobre a realidade da saúde no Brasil e das políticas públicas para esta área. Além de contribuir com a qualificação, fortalecimento e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), desenvolvendo assim, a melhoria da qualidade dos serviços, do acesso e da vida da população.
      Ao pensar nesse tema vieram-me à mente aqueles provérbios ou ditos populares que revelam grandes verdades: "mais vale a saúde que o dinheiro"; "a saúde é um bem precioso"; "quem goza de saúde perfeita, é rico sem o saber"; e "saúde cuidada, vida conservada". É sim um dos bens mais preciosos que temos, precisamos aprender a valorizá-lo.
      De fato, todos nós já convivemos com alguém querido que descobriu, e nos mostrou, o valor da saúde depois de tê-la perdido. Não são raros os casos de pessoas que gastaram o que tinham para recuperá-la.
      Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a nossa Constituição Federal, a saúde é um dos direitos fundamentais do ser humano, sendo, inclusive, um dever do Estado. Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença. Nossa saúde depende de muitos fatores, como por exemplo, das condições sociais, históricas, econômicas e ambientais em que vivemos, e de escolhas que fazemos no nosso dia a dia.
      A Constituição Federal ainda diz que as ações e serviços públicos de saúde são responsabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS). E é aqui que as coisas não vão bem. O relatório 'Estatística de Saúde Mundiais 2011', divulgado pela OMS, mostra que o governo brasileiro está entre os 24 países que destina uma das menores proporções de ser orçamento à saúde, inferior inclusive à média africana.
      Para se ter uma ideia, em 2008, 6% do orçamento nacional foi para a saúde. Nos países ricos, essa taxa chega a 16,7%, quase 17% como no Canadá. Os dados ainda revelam outra realidade: o custo médio da saúde ao bolso de um brasileiro é superior à média mundial. Mais ainda, 56% dos gastos com a saúde no Brasil vêm de poupanças e rendas da população.
      Apesar de estar longe do ideal, é preciso reconhecer que a saúde vem se organizando no Brasil. O SUS é considerado o melhor sistema público de saúde do mundo, com políticas públicas claras e estabelecidas. O Brasil com cerca de 192,3 milhões de habitantes (IBGE, 2010) e 5.565 municípios, com aproximadamente 1.000 deles sem médicos, tem o SUS o único acesso à saúde. Este Sistema atende hoje cerca de 80% da população do país, com cerca de 60 mil unidades ambulatórias, 6 mil hospitais e 440 mil leitos hospitalares espalhados pelo país.
      No entanto, é hora de uma reflexão nacional para que grupos, instituições e a população em geral proponham soluções e melhorias que beneficiem a todos.
      O Cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, durante lançamento da campanha no Regional Sul I da CNBB, enfatizou que é preciso toda a sociedade se mobilizar em colaboração com o Estado para possibilitar um atendimento digno e igualitário especialmente àqueles que não têm acesso à assistência.
      Em suma, a Campanha da Fraternidade deseja chamar a atenção para o cuidado com o doente, a prática de hábitos de vida saudáveis, estimular e fortalecer a mobilização popular em defesa do SUS, e promover a participação popular nos espaços de controle, fiscalização e deliberação das políticas públicas de saúde.
      Assim sendo, pra você e pra todos nós, SAÚDE!

Ronaldo da Silva
Jornalista, Repórter, Locutor, Diretor da Rádio Canção Nova FM, em Brasília e
Missionário da Comunidade Canção Nova.
Twitter@ronaldocn
E-mail: ronaldo@cancaonova.com

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